15 de outubro de 2013

CAMINHANDO NA CHUVA, Charles Kiefer. Edição comemorativa de 30 anos. São Paulo: Leya, 2012. 146 páginas.

Gosto de ler este autor. É a segunda obra sua que por coincidência vem até mim. A primeira foi “Para ser escritor”, um livro escrito para todos que gostam de escrever e que têm a pretensão de um dia ver um livro seu impresso. Nada contra os sítios com suas bibliotecas virtuais, com seus livros e revistas eletrônicas. No livro um questionamento: terá alguém a coragem de se dizer escritor com um “Tablet” debaixo do braço? Um livro eletrônico? Não! Ainda não. Um dia quem sabe?

Voltando ao 'caminhando na chuva', nada como almoçar em um shopping, dirigir-se a uma boa livraria, caminhar até a cafeteria e ali passar o resto da tarde entre um robusto café expresso, livros e uma boa água mineral. Folhar um livro é como acariciar a mulher amada. Assim me deparei com o segundo livro de Kiefer.

“Caminhando na chuva” trata-se de uma novela temática adolescente que marcou a estreia do autor na literatura com o privilégio de 20 edições no Brasil, uma em Portugal. Mais de 100 exemplares vendidos.

“Caminhando na chuva” traduz o propósito de contar a história de um jovem pobre que um dia acreditou (mesmo que ironicamente, como asseveram alguns de seus críticos) que “Cultura é uma forma de status”.

“Caminhando na chuva” é ressignificância, resiliência, superação: “Não estou procurando fazer literatura. Quero apenas me livrar dos fantasmas que me assolam, que não me deixam dormir”.

“Caminhando na chuva” nos remete à adolescência sacrificada pelo coração que nem sempre sabe o que é melhor pra gente.

Máximas de “Caminhando na chuva”

A cidade é como uma mulher: para conhecê-la é preciso percorrer com paciência as suas ruas, os seus becos, os seus caminhos.

Mulher é que nem ovelha: vai para o matadouro sem balir.

Pescar é quase como fazer amor, a sensação é parecida.

Não sei ler os poemas do Neruda sem pensar em vinhos brancos, acho que uma coisa está intimamente ligada à outra, mas não sei dizer por quê.

No horizonte, onde o sol beija a terra e a lua banha nas lagoas, Deus conversa com o vento, ambos preparam as tempestades.

O vivido é irrecuperável.

A vida é como uma fotografia: com o tempo perde a cor, desbota, perde o contraste, o brilho. Escrever talvez seja uma forma de recuperar a fotografia, refotografar.

Escrever correto é bonito e dá status.

O sonho é uma forma de ser louco em segredo.

As coisas perdem a graça quando a gente já sabe o que vai acontecer, o bom da vida são as surpresas que ela nos reserva.

Ninguém não põe amor em coisa emprestada, arrendada, alugada.

Não quero horrorizar ninguém, mas acho que casamento é o fim do amor.

O amor não se explica, a gente dá ou sente.

Em vez de a escola propiciar um entrelaçamento, um crescimento maior como seres humanos, uma amizade duradoura, ela provoca a competição.

O pior homem do mundo é o indiferente, porque seu coração é um deserto, e no deserto não nascem flores.

Quando a gente está apaixonado, viajar não tem graça.

A vida não é tão interessante como a literatura.

O ser humano é como a árvore: depois que a seiva se petrifica não dá mais pra dobrar, porque se se tentar quebra.

O jovem ama, e basta.


Vinho branco e poesia. Tenho bebido a última, que também embriaga.

Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

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