A autora é Mestre e doutora em
Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
pós-doutora pela Universidade de Paris VIII, escritora, tradutora.
Literatura e Psicanálise é uma
organização de textos resultantes de antigas inquietações teóricas, alguns já
publicados em revistas de literatura e/ou de psicanálise e outros inéditos,
extraídos de sua tese de doutorado.
Freud utilizou-se das artes em
geral, notadamente da literatura para ilustrar suas questões e descobertas, o
exemplo clássico vem da tragédia de Sófocles, Édipo Rei. Recentemente, um pouco
mais diverso Lacan afirma que o inconsciente se estrutura como uma linguagem
concedendo um valor revolucionário à autonomia do significante, também recorrendo
ao literário. Com isso, a autora já de início afirma que a psicanálise, por sua vez, tem servido de suporte teórico a diversas
questões da literatura: ‘Todo texto é uma lacuna, esburacado. Ele recobre suas
lacunas com um tecido, para dissimulá-las. O tecido que mascara ao mesmo tempo
revela, adaptando-se perfeitamente ao contorno daquilo que vela (...)’, Sarah
Kofman, em L’Enfance de l’art: UBE intérpretation de l’esthétique freudienne.
Paris: Payot, 1975.
Para a autora a arte literária é talvez o lugar onde o
inconsciente se encena de forma privilegiada, pois ela se faz e se constitui no
seio mesmo da linguagem. Essa é sua matéria-prima, possibilidade de
corporificação, na superfície do texto, das imagens do impossível, que aí se alucinam.
É no percurso dos discursos, no fio enunciativo da trama ficcional, que o
desejo aflora com a construção de seus objetos sempre se substituindo, sempre
se travestindo de novas e inéditas aparências, com as palavras-vestes que os
fazem cintilar.
A obra literária, a estética, a
história, a estória, expressam a vontade ou desejo que quem a produz, às vezes
até se projetando em personagens (o texto é o tecido que mascara ao mesmo tempo
revela...). Neste contexto, a análise psicanalítica tem como objetivo desnudar
o que provocou essa vontade, esse desejo e porque não, essa estética. Com isso,
leva o leitor a enxergar o texto com uma amplitude mais hominal.
Luiz Humberto Carrião

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