12 de novembro de 2013

História da história e outras poesias / Valéria Belém. Ilustrações Adriana Mendonça. – São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.

Lindo é o lugar onde as luzes da cidade não apagam o brilho das estrelas. Lá a gente sentava na boca da noite com os nossos pais que chamavam a oralidade histórias recheadas de ingredientes: aventura, fantasia, mistério e medo. Ricas em personagens que nos levavam a vaguear a imaginação: o marinheiro inglês Robson Crusoé, chapeuzinho vermelho, o burrico voador, o nego d’água, dentre outras. Outro ‘mundo’ dentro do mundo. As delícias infantis longe da realidade da adultez. Porém, o homem que caminhava no tempo e no espaço resolveu a correr. E correu muito! Nessa corrida surgiu o satélite, a televisão, a parabólica, o vídeo-game, o computador, a internet, as redes sociais, o celular, o tablet, o smartphone e com eles se foi todo o romantismo infantil. Até parece que as crianças de hoje já nascem adultas. Daí o diferencial entre escrever para um adulto e escrever para uma criança.

Na literatura infantil asseveram alguns historiadores que as histórias tradicionais não foram escritas especificamente para crianças, faziam parte da ritualística cotidiana de algumas comunidades trazendo mensagens de cunho moral e alerta a comportamentos inadequados. A partir do século XII, autores como Giambattista Basile (1634), Perraut (1697) e mais adiante Grimm (1812) fizeram o registro escrito dessa oralidade.

Valéria Belém desde muito cedo mostrou a que veio. A facilidade com o manuseio das letras na construção de palavras e estas com frases que expressavam seu pensamento vaticinavam seu futuro: jornalista e escritora reconhecida e premiada nacionalmente. Editora dos cadernos de cultura, magazine e almanaques no maior jornal do Centro-Oeste brasileiro, além de mais de uma vintena de livros infantis publicados e adotados pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura – atestam o seu sucesso.

História da história – e outras poesias - título tomado por empréstimo de uma poesia onde a autora trabalha a questão da família cumpre esse primordial papel de educar, palavra de origem latina educere com significado eduzir, isto é, criar valores e colocá-los a disposição da sociedade. Como assevera Richard Bamberger, ‘O desenvolvimento de interesse e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar’ - muitas vezes através de fábulas, contação de história ou livros infantis - ‘aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora através das influências da atmosfera cultural e dos esforços conscientes da educação e bibliotecas públicas’. Completado esse processo educacional com a instrução, isto é, trazendo para dentro do indivíduo conhecimentos adjacentes - sujeito e objeto estarão contemplados - o resultado é um homem integral, como diria o saudoso filósofo e professor Huberto Rohden.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)       

Nenhum comentário:

Postar um comentário