21 de março de 2014

DEUS NO DIVÃ, confissões do demônio sobre as peripécias de dois fiéis antagonistas / Taty Ades. – Osasco, SP : Novo Século Editora, 2010.

Meu primeiro contato com a psicanalista Taty Ades se deu por conta do livro em parceria com o psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, ‘Borderlaine: criança interrompida – adulto borderline', onde desnudam o transtorno de personalidade limítrofe, sintomas, familiares e descrição de quadros clínicos, resenha no (www.personalidadeborder.blogspot.com.br). Agora dou de frente com a escritora, dramaturga, teatróloga, e produtora cultural nesta obra extraordinária, Deus no divã: ‘Caros leitores, quem lhes escreve esse desabafo, sou eu, o Diabo, ou se preferirem Lúcifer, Asmodeu, Azazel, Satã, Belzebu, Quaset, entre outros. [...] Aqui coloco a mim e a ti, bom Deus, no divã e peço aos leitores que entendam que a minha súplica provém unicamente de uma necessidade crucial de todos nós’. Quão importante é essa necessidade crucial que levou o Diabo e Deus ao divã? Que cena fantástica imaginar o Diabo tentando convencer Deus para não desacorçoar dos humanos, disputando o amor de uma humana, discutindo com grandes personalidades o amor, como o fizera Platão em O Banquete, ou Júlio Dantas em Ceia dos Cardeais. Imaginar a preocupação do Diabo com a depressão e o ceticismo de Deus em meio a personagens reais e fictos é uma maneira de enxerga-los mais humanos, inclusive. A autora questionada sobre o tema em uma entrevista resumiu: ‘sempre questionamos a existência ou não de Deus, será que ele não questiona a nossa? Será que esse ser não se sente cético ao ver a humanidade tão cheia de miséria, corrupção, violência, ódio? O que diria esse Deus? Estaria ele cansado e abatido com tudo isso? Dessa forma me veio à ideia de coloca-lo no divã’. Uma obra extraordinária da literatura brasileira, mais ainda, em se tratando de uma jovem escritora. Valeu a pena tê-lo lido.

Luiz Humberto Carrião   

Nenhum comentário:

Postar um comentário