Meu primeiro contato com a
psicanalista Taty Ades se deu por conta do livro em parceria com o psiquiatra
Eduardo Ferreira Santos, ‘Borderlaine: criança interrompida – adulto
borderline', onde desnudam o transtorno de personalidade limítrofe, sintomas,
familiares e descrição de quadros clínicos, resenha no (www.personalidadeborder.blogspot.com.br). Agora dou de frente com a escritora, dramaturga, teatróloga, e produtora
cultural nesta obra extraordinária, Deus no divã: ‘Caros leitores, quem lhes
escreve esse desabafo, sou eu, o Diabo, ou se preferirem Lúcifer, Asmodeu,
Azazel, Satã, Belzebu, Quaset, entre outros. [...] Aqui coloco a mim e a ti,
bom Deus, no divã e peço aos leitores que entendam que a minha súplica provém
unicamente de uma necessidade crucial de todos nós’. Quão importante é essa
necessidade crucial que levou o Diabo e Deus ao divã? Que cena fantástica
imaginar o Diabo tentando convencer Deus para não desacorçoar dos humanos, disputando
o amor de uma humana, discutindo com grandes personalidades o amor, como o
fizera Platão em O Banquete, ou Júlio Dantas em Ceia dos Cardeais. Imaginar a
preocupação do Diabo com a depressão e o ceticismo de Deus em meio a
personagens reais e fictos é uma maneira de enxerga-los mais humanos, inclusive.
A autora questionada sobre o tema em uma entrevista resumiu: ‘sempre
questionamos a existência ou não de Deus, será que ele não questiona a nossa?
Será que esse ser não se sente cético ao ver a humanidade tão cheia de miséria,
corrupção, violência, ódio? O que diria esse Deus? Estaria ele cansado e
abatido com tudo isso? Dessa forma me veio à ideia de coloca-lo no divã’. Uma obra extraordinária da literatura brasileira, mais ainda, em se tratando de uma jovem escritora. Valeu a pena tê-lo lido.
Luiz Humberto Carrião

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