16 de novembro de 2013

OS PRIMEIROS SERES HUMANOS, Roselis Von Sass. Ordem do Graal. São Paulo. 1975.

Roselis Von Sass (1906 – 1997) austríaca de berço, brasileira de túmulo, defende a teoria da existência de um arquivo dos tempos onde tudo está registrado e nada se perdeu, inclusive, a vida humana desde o seu nascedouro. E que, existem aqueles capazes de perscrutar esse passado. Assim se processa toda sua produção literária.

Os primeiros seres humanos abriga uma teoria que se opõe ao criacionismo fixista (o homem foi criados por Deus a sua imagem e semelhança permanecendo estático no tempo e no espaço) pela posição de os pesquisadores da bíblia relacionar os fenômenos nela descritos com a Terra, chegando inclusive, a procurar nela, o Paraíso. Também se opõe ao evolucionismo (as espécies superiores provieram das inferiores num processo lento e gradual possibilitando a passagens de formas imperfeitas (simples) a formas mais perfeitas (complexas) em busca da perfeição, que acontece na medida em que há uma transformação nas espécies, causada por fatores internos (genéticos) e externos (ambiente) a essas espécies) que afirma que o homem proveio de um ancestral comum a ele e os Símios (macacos). Embora seja a teoria mais aceita em relação à origem do homem, a autora a condena ‘por efetiva força de convicção’, uma vez que os evolucionistas continuam à procura do chamado ‘elo perdido’. 

Diante de tais considerações levanta a hipótese, que ela chama de ‘suposição lógica’ - da existência de um animal capacitado a receber o 'ser humano' - os Babais. Ao Invés de almas animais - encarnaram almas humanas nesses ‘primatas’. A autora utiliza-se dessa palavra para designar ‘aquele que existiu primeiro’ no planeta destinado ao acolhimento do espírito humano, a Terra. Com o aparecimento do humano iniciou-se na Terra uma nova era – a era do espírito!

O ritmo lendo da matéria utilizou-se de três milhões de anos divididos em cinco períodos, de 600 mil anos cada, para o desenvolvimento humano da Terra: nascimento, crescimento, amadurecimento, ações, colheita e iluminação. Com relação ao seu povoamento pelos babais, não ocorreu de maneira indiscriminada. Ocuparam sete diferentes locais, denominados de ‘berços da humanidade’, cada um destinado a uma raça: Marae, no continente polinésio submerso existindo ainda hoje nas ilhas de Sandwich, Damoa, Taiti e na Nova Zelândia; Thule, sob o gelo no polo norte; Arzawa, na região da Mesopotâmia e Caldeia; Yoni, sob as areias do deserto de Gobi; Avari, no Havai e proximidades submersas pelo Oceâno Pacífico; Tholo, na região do Quênia na África; e, finalmente, Ophir, o continente de Gondwana, cuja última parte a submergir foi o espaço terrestre que ligava a África a América do Sul.

‘Setecentas almas humanas de beleza perfeita encarnavam-se pouco a pouco nas mães babais! E poucos meses depois ocorria na Terra, no maravilhoso oásis verde do Universo, o maior e mais importante acontecimento desde a sua existência: o nascimento do ser humano!’.

Na idade reprodutiva, de acordo com a lei da igual espécie, somente atraíram almas correspondentes a sua espécie e raça. Uma mistura era impossível! Contudo, continua a autora, não mais eram espíritos escolhidos que vinham à Terra, mas, sim, espíritos que haviam se desenvolvido na Criação posterior, nos mundos de matéria fina. Desenvolvidos de germes espirituais saídos outrora do Paraíso em direção à Criação posterior.

Cumprida sua missão os Babais foram desaparecendo pouco a pouco por morte natural ou cataclismos, espiritualmente voltaram aos seus reinos.

‘Entes do espírito – assim eram chamados os seres humanos, em contraste com os entes da natureza. Esse nome foi usado durante longos espaços de tempo, até que perdeu a sua razão de ser. Isto aconteceu quando os seres humanos se transformaram em - entes do cérebro’. O homem se arvora a Deus no mundo de Deus, ‘ao submeter-se integralmente ao raciocínio, colocando-o como senhor dominante e não o utilizando como mero instrumento... ’.



Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

12 de novembro de 2013

História da história e outras poesias / Valéria Belém. Ilustrações Adriana Mendonça. – São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.

Lindo é o lugar onde as luzes da cidade não apagam o brilho das estrelas. Lá a gente sentava na boca da noite com os nossos pais que chamavam a oralidade histórias recheadas de ingredientes: aventura, fantasia, mistério e medo. Ricas em personagens que nos levavam a vaguear a imaginação: o marinheiro inglês Robson Crusoé, chapeuzinho vermelho, o burrico voador, o nego d’água, dentre outras. Outro ‘mundo’ dentro do mundo. As delícias infantis longe da realidade da adultez. Porém, o homem que caminhava no tempo e no espaço resolveu a correr. E correu muito! Nessa corrida surgiu o satélite, a televisão, a parabólica, o vídeo-game, o computador, a internet, as redes sociais, o celular, o tablet, o smartphone e com eles se foi todo o romantismo infantil. Até parece que as crianças de hoje já nascem adultas. Daí o diferencial entre escrever para um adulto e escrever para uma criança.

Na literatura infantil asseveram alguns historiadores que as histórias tradicionais não foram escritas especificamente para crianças, faziam parte da ritualística cotidiana de algumas comunidades trazendo mensagens de cunho moral e alerta a comportamentos inadequados. A partir do século XII, autores como Giambattista Basile (1634), Perraut (1697) e mais adiante Grimm (1812) fizeram o registro escrito dessa oralidade.

Valéria Belém desde muito cedo mostrou a que veio. A facilidade com o manuseio das letras na construção de palavras e estas com frases que expressavam seu pensamento vaticinavam seu futuro: jornalista e escritora reconhecida e premiada nacionalmente. Editora dos cadernos de cultura, magazine e almanaques no maior jornal do Centro-Oeste brasileiro, além de mais de uma vintena de livros infantis publicados e adotados pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura – atestam o seu sucesso.

História da história – e outras poesias - título tomado por empréstimo de uma poesia onde a autora trabalha a questão da família cumpre esse primordial papel de educar, palavra de origem latina educere com significado eduzir, isto é, criar valores e colocá-los a disposição da sociedade. Como assevera Richard Bamberger, ‘O desenvolvimento de interesse e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar’ - muitas vezes através de fábulas, contação de história ou livros infantis - ‘aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora através das influências da atmosfera cultural e dos esforços conscientes da educação e bibliotecas públicas’. Completado esse processo educacional com a instrução, isto é, trazendo para dentro do indivíduo conhecimentos adjacentes - sujeito e objeto estarão contemplados - o resultado é um homem integral, como diria o saudoso filósofo e professor Huberto Rohden.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)