Confesso! Não sou próximo a livros de auto-ajuda ou mesmo auto-estima como se intitula este. Não que eu ache uma perda de tempo em lê-los, mas trata-se de trabalhos comerciais utilizando-se de vários matizes da psicologia, pedagogia, psicanálise, dentre outros, para alcançar um mercado editorial envergonhado de frequentar as Igrejas Neo Pentecostais que abordam de maneira ‘magistral’ o mesmo tema. Sempre estamos sendo presenteados com esse tipo de livro, eis aqui um caso a mais. Aqui um fato chamou-me a atenção. É que o poema conhecido pelo nome de ‘Instantes’, atribuído a Jorge Luis Borges, presente na contracapa de cardápios de uma infinidade de bares e restaurantes brasileiros,
‘Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
na verdade, bem poucas pessoas levariam a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida:
só de momentos - não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas;
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo’
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
na verdade, bem poucas pessoas levariam a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida:
só de momentos - não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas;
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo’
como autoria de Nadine Stair, poetiza americana de
Louisville, Kentucky. Sobre a autoria de Borges referencia-se Maria
Kodama, viúva do poeta e editora das suas obras, diz, no prefácio do volume
“Borges en la Revista Multicolor”, um
livro improvisado que inclui textos de Borges e outros a ele atribuidos: “O
mais incrível é que as mesmas pessoas que não aprovam a publicação de três
obras inéditas de Jorge Luiz Borges {“El Tamaño de mi Esperanza”, “El Idioma de
los Argentinos” e “Inquisiciones”], nada fizeram, diante do poema “Instantes”,
da escritora norte-americana Nadine Stair, atribuído falsamente – creio
que por ignorância – a ele. Essas pessoas – repito! - nada disseram sobre o
estilo ou o conteúdo desses versos, apesar da linguagem infantil que neles é
empregada e apesar do conteúdo que desdiz totalmente todos os princípios que
Borges sustentou até o fim da sua vida. “Chegou-se ao horror de ler e estudar,
em instituições oficiais, esse poema sem nenhum valor literário, atribuindo-o a
Borges.” Outro detalhe é que ‘em 1976, Borges tinha
77 anos. Por que razão diria “faz tanto tempo”, referindo-se a um poema
“escrito” aos 85? Ou, admitindo-se que exerceu aí o papel de um poeta
fingidor – como somos - todos os poetas – e escreveu um poema na primeira
pessoa, mas “sobre” alguém que teria os 85 anos que ele não tinha’. Na pesquisa
encontrei outros supostos autores desses versos, porém, me ative ao Borges e a
Nadine. E assim, muitos são os livros, textos e poesias com autorias negadas.
