25 de dezembro de 2014

ELES E ELAS – contos/Maria Christina Lins do Rego Veras. José Olympio. RJ. 2014.

Não é fácil trilhar carreira de pais famosos. Sempre fica no leitor o referencial. Assim acabou ocorrendo comigo em relação à autora, filha de José Lins do Rego, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de obras como Menino de engenho, O moleque Ricardo, Usina, Fogo morto, Riacho doce, dentre outras. Conviveu com grandes nomes da literatura brasileira como Gilberto Freire, Luis jardim, Olívio Montenegro (seu padrinho de batismo) e Graciliano Ramos que chegou a morar com a família Lins do Rego após deixar a prisão em 1930. Casada com o diplomata Carlos dos Santos Veras, o que propiciou moradia em vários países e falar vários idiomas. Sua produção cultura começou com a pintura, e, a partir de 2003, decidiu escrever as lembranças da infância alagoana e mais recentemente, sua experiência ao redor do mundo e outras histórias. Um livro composto por 110 páginas, 20 contos curtos, em linguagem ágil, retratando o cotidiano. A obra esta dividida em duas partes, Eles e Elas. Na primeira abrigando 7 textos com títulos com nomes próprios masculinos, e na segunda, 13 com nomes femininos. 

25 de agosto de 2014

A MORTE/Maurice Maeterlinck.- São Paulo. Bira Editores. 2013.

A Morte - Maurice Maeterlinck (1862 - 1949), escritor belga, único em sua nacionalidade a receber um Nobel de Literatura (1911), vem a um século atrás (1913) promover um debate sobre esse tema provocante em cientistas, filósofos, teólogos sem uma conclusão definitiva. Maeterlinck não acreditava em Deus, o que de certa forma deixa-o isento de qualquer influência religiosa, embora seja oriundo de uma família católica conservadora. Poeta, teatrólogo, ficcionista, ensaísta, chama a atenção por suas posições que os humanos deveriam preocupar-se com a vida, esta sim, e que tem sentido e não a morte - única certeza na vida e além de tudo - uma desconhecida. Faz uma observação de que quanto mais avançada a ciência, mais sofrimento ao ser humano pelo prolongar da vida sem qualidade. Diz da consciência médica no sentido de dar ao humano a eutanásia evitando sofrimentos horríveis a espera de um achado da ciência. Considera a reencarnação como a mais plausível e racional das teorias religiosas ao tempo em que reconhece não haver uma prova tácita. Limita-se essa teoria, segundo o autor, em afirmações que flutuam no espaço, chegando a ser duro ao asseverar que "apoia apenas por argumentos sentimentais". Mas admite, "E, seja qual for a força que nos sobreviva e presida à  nossa existência no outro mundo, essa existência, ainda que a suponhamos pior, não poderia ser menos vasta nem menos feliz que a existência de hoje. Não terá outro curso, senão o infinito; e o infinito não é nada, se não é a felicidade".  

7 de agosto de 2014

CRÔNICAS PARANAENSES - Concurso Nacional de literatura/Os vencedores.- Curitiba. Secretária do Estado da Cultura. 1999.

A presente obra é composta pelos vencedores do Concurso Nacional de Literatura promovido pela Secretária do Estado da Cultura do Estado do Paraná, no ano de 1999. O objetivo, segundo a secretária de cultura à época, era fazer o registro de pessoas, paisagens e momentos que contam o Paraná reproduzindo desde ideias comuns a ideais singulares, com ternura, o humor e o talento que se revelam nos bons autores. São 28 crônicas por 20 autores. Sempre estamos buscando em nossas leituras os clássicos, não que isso seja um erro, mas temos novos escritores extraordinários no Brasil, esse livro é uma prova disso. Apesar de parecer a premiação ter sido dividida por temas, valeu a pena. O termo crônica deriva do grego Chronos que é traduzido para o português como tempo, tratando-se de uma narrativa informal que procura captar um flagrante da vida cotidiana. Considerada como um gênero menor por oscilar entre a literatura e o jornalismo. Nelson Rodrigues, Ruben Alves, Rubem Braga, Rachel de Queirós, Ignácio de Loyola Brandão, dentre outros, se consagraram nesse gênero literário no Brasil.

6 de agosto de 2014

COACHING PRÁTICO – fundamentos, características e Métodos /Scotton, A., Salício, C. e Gonzales, F. - Clube dos Autores – São Paulo, 2014.

Coaching uma palavra utilizada na Inglaterra, nos tempos medievais, para designar o condutor da carruagem, cocheiro. Na década de l970, Timothy Gallwey, um treinador de tênis da Universidade de Harvard, nos EUA, publicou um livro “The inner game of tênis” – O jogo interior do tênis – com uma teoria em que, para superar o adversário de fora, primeiro há que se superar o adversário interior, nascendo aí o conceito moderno de Coaching, que posteriormente nos anos 80 do século passado abriria uma vertente para o coaching empresarial.  É um processo (treinamento) que se utiliza de recursos e técnicas de várias ciências a conduzir a pessoa ou grupo a atingir necessidades como metas, solucionar problemas e desenvolver habilidades. Os autores são de formações diversas dento da área de psicologia, pedagogia e teologia. Para eles “sonhos não envelhecem”... “resgatar um pouco desta esperança, deste sonho e desta magia é tarefa também do coach, jamais vendo o seu cliente (coachee) como um mero recurso humano". Então, coaching é o processo, coach o treinador e cochee aquele que recebe o treinamento. É um dos livros mais completos sobre o assunto publicado até o presente. Para adquiri-lo acessar WWW.clubedeautores.com.br  

5 de junho de 2014

NÃO DEIXE PARA DEPOIS O QUE VOCÊ PODE FAZER AGORA - dicas práticas para organizar seu tempo e se tornar mais produtivo / Rita Emmett. – Rio de Janeiro: Sexante, 2008.




Confesso! Não sou próximo a livros de auto-ajuda ou mesmo auto-estima como se intitula este. Não que eu ache uma perda de tempo em lê-los, mas trata-se de trabalhos comerciais utilizando-se de vários matizes da psicologia, pedagogia, psicanálise, dentre outros, para alcançar um mercado editorial envergonhado de frequentar as Igrejas Neo Pentecostais que abordam de maneira ‘magistral’ o mesmo tema. Sempre estamos sendo presenteados com esse tipo de livro, eis aqui um caso a mais. Aqui um fato chamou-me a atenção. É que o poema conhecido pelo nome de ‘Instantes’, atribuído a Jorge Luis Borges, presente na contracapa de cardápios de uma infinidade de bares e restaurantes brasileiros,


‘Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
na verdade, bem poucas pessoas levariam a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida:
só de momentos - não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas;
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo’



como autoria de Nadine Stair, poetiza americana de Louisville, Kentucky. Sobre a autoria de Borges referencia-se Maria Kodama, viúva do poeta e editora das suas obras, diz, no prefácio do volume “Borges en la Revista Multicolor”, um livro improvisado que inclui textos de Borges e outros a ele atribuidos: “O mais incrível é que as mesmas pessoas que não aprovam a publicação de três obras inéditas de Jorge Luiz Borges {“El Tamaño de mi Esperanza”, “El Idioma de los Argentinos” e “Inquisiciones”], nada fizeram, diante do poema “Instantes”, da escritora norte-americana Nadine Stair, atribuído falsamente – creio que por ignorância – a ele. Essas pessoas – repito! - nada disseram sobre o estilo ou o conteúdo desses versos, apesar da linguagem infantil que neles é empregada e apesar do conteúdo que desdiz totalmente todos os princípios que Borges sustentou até o fim da sua vida. “Chegou-se ao horror de ler e estudar, em instituições oficiais, esse poema sem nenhum valor literário, atribuindo-o a Borges.” Outro detalhe é que ‘em 1976, Borges tinha 77 anos. Por que razão diria “faz tanto tempo”, referindo-se a um poema “escrito” aos 85? Ou, admitindo-se que exerceu aí o papel de um poeta fingidor – como somos - todos os poetas – e escreveu um poema na primeira pessoa, mas “sobre” alguém que teria os 85 anos que ele não tinha’. Na pesquisa encontrei outros supostos autores desses versos, porém, me ative ao Borges e a Nadine. E assim, muitos são os livros, textos e poesias com autorias negadas. 

27 de maio de 2014

CRIMES QUE ABALARAM O BRASIL / organização George Moura e Flávio Araújo, reportagens de Marcelo Faria de Barros e Wilson Aquino: - Editora Globo, 2007.


Sobre o trabalho levado a efeito pela rede Globo de Televisão, no programa Linha Direta, apresentado pelo jornalista Domingos Meireles, foram selecionados sete crimes de grande repercussão na imprensa e, consequentemente, na sociedade brasileira. O crime da mala, O caso dos irmãos Naves, O crime de Sacopã, A fera da Penha, Dana de Teffé, Caso do Chico Picadinho e O mistério do desaparecimento de Carlinhos, onde procurou retratar traços do comportamento humano, ao tempo em que, de forma romanceada revela ineficiências e influências nas esferas policiais e judiciárias no Brasil; a fragilidade e incompetência do ‘modus operandi’ dessas instituições, levando a uma reflexão sobre a necessidade de mudanças nos ritos investigatórios, processuais e de execuções penais. 

24 de maio de 2014

CALEIDOSCÓPIO / Sebastião Lázaro Henriques: - Editora Kelps, 1995.

CADEIDOSCÓPIO / Sebastião Lázaro Henriques: - Editora Kelps, 1995.

Poetar é colocar para fora as angustias, desditas, amores, menos prazeres e mais dores. Poetar é falar dor alheia como se fosse sua. Poetar é brincar com as letras na construção de palavras, destas na construção de frases adornadas de rimas e aliterações. Poetizar é tratar com sensibilidade, leveza, carícia e delicadeza as coisas do mundo.  Na coletânea de poemas que compõe a obra o autor poetou ao tempo em que poetizou. No momento em que esse gênero literário vai se distanciando abrindo espaços outras categorias, nos enche de prazer encontrar alguém que procura fazer das rimas e versos o seu escrevinhar. O livro me chegou por acaso através de uma participante do Congresso das APAES realizado neste ano de 2014. Livro lido num só fôlego como diziam os antigos. Uma pequena mostra do poeta.

FOME

Eu não sei dizer exatamente
A nascente do meu estranho nome
Talvez prá me fazer diferente
Ou talvez, prevendo a minha fome!

Sou Zé Faminto da Silva e Oliveira
Nascido e criado ao norte de “Fartura”
E o engraçado é que a desgraça certeira
Era á única abundante nessa terra dura.

Casei, vieram filhos, filhos e filhos mais
Rosa, Violeta, Rosinha e Margarida
Tantas flores a viver seus finais
Na falta de pão, de esperança e de vida!

E se foi a primeira, a segunda, a terceira
A cantar com a morte a toada da partida
Fiquei só, a esperar a foice ligeira
Do fim, e a agonia de se fazer mais sentida.

Eis que então tomei de meu meio, único, final.
E matei a fada da miséria em meu magro peito
A você que lê meu escrito, não me julgue mal
Eu me fui, somente por não haver mais jeito.

Peçam perdão, por mim, junto aos meus
Fui forte, excedi a força dos Homens
Mas cansei, fui me encontrar com Deus

Assino e me desculpo, Zé Faminto – Agora sem fome!!!